domingo, 19 de julho de 2009

Prefeito de Cuiabá anuncia licitação para novas empresas de ônibus urbanos

Apesar das muitas dificuldades existentes no setor de transporte público, apontado como um dos pontos fracos da gestão em Cuiabá, em um balanço geral do setor, em entrevista ao MidiaNews, o prefeito Wilson Santos considerou que existe "um saldo positivo".

O prefeito criticou a falta de política de investimento por parte do Governo Federal, assinalou pontos críticos no Centro Histórico da Capital e observou que Cuiabá não está imune a um dos grandes problemas enfrentados pelos grandes centros urbanos, o congestionamento.

Uma boa notícia, segundo Wilson Santos, é que a Prefeitura fará, no segundo semestre, uma licitação nacional em todas as linhas que estão operando com licitação feita em 2003. "Renovei, por seis meses, os contratos das empresas que estão atuando o sistema de transporte público, prazo suficiente para realizar uma nova licitação em nível nacional", revelou.

Ao considerar o transporte público na capital mato-grossense dentro da "média nacional", Wilson Santos destacou que, em função do desinteresse por parte do Governo Federal em relação tema, o sistema em Cuiabá está estagnado. "Sou testemunha de uma frase do ministro Tarso Genro [Justiça], que disse que o Governo Lula fez muito pelo Brasil, mas na área do transporte foi zero", disse o tucano.

Wilson Santos lembrou que, desde a extinção da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), na gestão do ex-presidente Fernando Collor, nunca mais o Governo Federal teve um órgão que pudesse construir políticas públicas de mobilidade urbana.

Todavia, o prefeito disse acreditar que o presidente, para compensar essa falha, irá investir na mobilidade no próximo ano. "Os municípios estão a Deus dará, mas já há uma concepção no Governo Lula de que ele precisa voltar os olhos para uma área que transporta mais de 60 milhões de brasileiros, todos os dias", afirmou, ao destacar a importância do transporte coletivo no cotidiano das pessoas.

Tarifa

O prefeito, que autorizou recentemente o aumento da tarifa do transporte (de R$ 2,05 para R$ 2,30), após queda de uma liminar que impedia o reajuste no preço das passagens, disse que gostaria muito de estar discutindo a redução das passagens.

"Ao invés de falarmos em reajuste, poderíamos estar reduzindo a tarifa. Mas, desde que os Estados e a União aceitassem as propostas dos municípios, que é tratar a tarifa como mais um produto da cesta básica, não incidindo sobre os produtos nenhum tributo", disse o tucano.

Wilson Santos observou que existem, pelo menos, seis tributos sobre a tarifa do transporte coletivo, sendo três federais, dois estaduais e um municipal. Ele comentou que já há uma proposta, documentada, desde agosto de 2005, dando conta de que os municípios aceitam tirar o ISSQN da tarifa, desde que o Estado e a União retirem os tributos.

"Espero que, agora, com o advento da Copa, que se está criando um ambiente positivo em favor do país, seja aceita essa proposta. Desta forma, iremos beneficiar, diretamente, os trabalhadores que não têm automóvel e precisam do transporte público para se deslocar", afirmou.

Centro Histórico

Outro grande problema na área da Mobilidade Urbana, segundo Wilson Santos, é a situação do Centro Histórico de Cuiabá, que não só enfrenta problemas no aspecto do transporte público deficiente, mas sofre com falta de estrutura e com a invasão de viciados e marginais, que utilizam o local como ponto de venda e utilização de drogas.

Para o prefeito, a complexidade das ruas na região central dificultam a circulação de veículos, principalmente de ônibus coletivo. "As ruas estreitas, becos, congestionamento e centralização do comércio na área histórica tornaram-se um complicador para o transporte público", disse.

O prefeito também ressaltou outro aspecto, que, segundo ele, contribui para complicar o setor de transporte coletivo: a falta de corredores exclusivos para os coletivos. "A má educação da maioria dos motoristas, que querem prioridade individual, em relação ao transporte de massa, prejudica o trânsito. Quem tem que ter prioridade é o transporte de massa, não o individual", afirmou.

Frota

Wilson Santos garantiu que Cuiabá tem a segunda mais jovem frota de ônibus do país, afirmando que vem cumprindo a legislação que só permite o tráfego de veículos com, no máximo, oito anos de vida útil.

"Não temos nenhum ônibus que supere oito anos. Pelo contrário, temos ônibus que tem três meses. Nossa gestão pegou Cuiabá com 337 ônibus, aumentamos em mais de 20% a frota. Nossa gestão renovou 70% dos ônibus coletivos", disse.

O prefeito, no seu primeiro mandato, foi obrigado a cassar uma das empresa (a Age) que integravam o sistema de transporte coletivo na cidade, pelo fato de operar em condições precárias. Essa ação, segundo Wilson, faz dele o segundo prefeito da história de Cuiabá a cassar uma empresa de ônibus. O primeiro foi Dante de Oliveira, já falecido, em 1986.

"Cancelei (a concessão) porque a empresa não era digna. Seus ônibus e procedimentos não eram dignos. Vários ônibus pegaram fogo nos transcursos. Eram ônibus velhos, sem manutenção. A empresa não tinha condições de operar e foi cassada em 2008", informou.

Fonte: Bruno Garcia / Midia News

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