domingo, 8 de novembro de 2009

ESPECIAL: Batatinha frita pode ajudar ônibus a salvar o planeta

Além de experiências internacionais, Brasil faz sua parte. O óleo de cozinha já move os ônibus da prefeitura de Indaiatuba, no Interior de São Paulo


O que aquele fast food, nem sempre muito saudável, tem a ver com o transporte coletivo? Além do fato de muita gente ter de comer rápido, na rua, para não perder o ônibus, a relação pode ser com o objetivo bem mais nobre: ajudar a preservar o meio ambiente.

Depois de três anos de pesquisas, uma parceria entre a Unicamp (Universidade de Campinas) e a a Prefeitura de Indaiatuba, no interior de São Paulo, já possibilita essa relação saudável entre ônibus e comida gordurosa. Com o apoio técnico e científico da Unicamp e com a infra-estrutura cedida pelo poder municipal de Indaiatuba, a frota de ônibus da Prefeitura já é movida a Biodiesel feito a partir do resto de óleo de cozinha.

A medida, além de apresentar uma alternativa de combustível a veículos a Diesel convencional, é uma tentativa para evitar que o córrego Barnabé, afluente do Rio Jundiaí e que cruza a cidade, se deteriorasse.

O córrego recebe boa parte do óleo descartado pelas cozinhas residenciais e industriais. De acordo com os estudos da Unicamp, um litro de óleo de cozinha lançado num rio, pode contaminar cerca de 1 milhão de litros de água.

Todo processo para transformar o óleo da batatinha, do hambúrguer, do churrasco, etc, em fonte de energia para os ônibus, começa em postos de coleta na cidade, onde os moradores depositam o óleo e em doações de restaurantes da cidade.

O óleo de cozinha recolhido vai para um galpão e passa por um processo chamado de Transesterificação, que nada mais é que transformar o óleo em biodiesel. Nesta etapa, o óleo é filtrado, limpo, depois misturado a álcool e solventes, purificado mais uma vez e pronto, já pode mover um ônibus.

Os técnicos da Unicamp garantem que o desempenho do ônibus é o mesmo que com o diesel comum e que não há necessidade de mistura, ou seja, é possível abastecer o ônibus 100 por cento com o biodiesel feito de óleo de cozinha.

Não há necessidade de grandes adaptações no motor do ônibus. E mais, além do meio ambiente, os cofres públicos agradecem, pois a economia de diesel convencional cobre os custos para a produção de biodiesel, garantem os técnicos.

FRITURA NO MUNDO: Indaiatuba é uma das pioneiras no Brasil neste processo, já com resultados práticos, mas o mundo já volta os olhos para o óleo (e não é trocadilho).

Em Bristol, na Inglaterra, o Bus Chipper, já está prestando serviços de transportes comerciais. O veículo, de porte convencional circula as ruas da cidade e os técnicos garantem que o veículo não cheira a fritura quando funciona, já que o combustível é limpo antes de ser produzido. Se a experiência, quanto a velocidade, desempenho e consumo derem certo, a Prefeitura financiará mais unidades do veículo.

Ônibus fast food deve percorrer o mundo: Ativistas ambientes europeus também desenvolveram um micro-ônibus movido a óleo de cozinha. Mas a ambição deles é maior: percorrer o mundo com o veículo. O micro-ônibus funciona após o óleo passar pelo processo de transesterificação, como em Indaiatuba.

A expedição chamada “Biotruck” é liderada pelo ativista Andy Pág e partiu de Londres no dia 19 de setembro, já percorrendo vários países europeus. O grupo quer chegar a América após parte do trajeto ser feita num navio. A idéia é provar a resistência de um veículo ecologicamente correto. As adaptações foram feitas num micro-ônibus da marca Mercedes Benz. Até agora não foram detectados graves problemas de funcionamento no ônibus que é totalmente ecológico, já que até seu sistema elétrico é abastecido por captadores de energia solar.

O projeto tem um site oficial. Lá você pode acompanhar onde está a expedição e o que está ocorrendo com o ônibus. O site é em inglês: http://www.biotruckexpedition.com/

Adamo Bazani, jornalista da rádio CBN, que se alegra com notícias pra o bem do meio ambiente, ainda mais quando envolvem ônibus, e que não dispensa uma batatinha frita.

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