domingo, 1 de novembro de 2009

Situação da TCS em Sorocaba é cada vez mais precária

A manutenção dos ônibus da Transporte Coletivo Sorocaba (TCS) está prejudicada. O profissional que administrava a TCS antes da intervenção, Baltazar de Sousa Júnior, revela que a Urbes reduziu a aquisição de peças e consequentemente os reparos nos ônibus. Na garagem, mecânicos afirmam que a checagem preventiva caiu pela metade e confirmam a falta de estoque para todos os consertos necessários. Autopeças informam que deixam de vender por causa das dívidas.

Nas ruas, os ônibus param ou provocam acidentes por causa dos defeitos, como um atropelamento fatal no mês de setembro. A Urbes diz que não houve interferências no plano de manutenção. Em relação aos fornecedores, informa que “não houve atraso de pagamento de fornecedores, mas sim reprogramações em razão da administração de fluxo de caixa da empresa, que prioriza despesas com pessoal, combustível, manutenção e as demais despesas necessárias à operação”, consta em reposta à reportagem. Também reconhece dificuldades na operação das linhas e lembra que as administra para evitar a descontinuidade do serviço de transporte.

Em entrevista na última segunda-feira, Baltazar de Sousa Júnior disse que a partir do final de maio, depois que a Urbes interveio totalmente na administração da TCS, o investimento mensal na frota reduziu em R$ 414 mil, de R$ 1,807 milhão para R$ 1,393 milhão. Afirma que a partir de então passou a haver mais quebras, menor investimento para compras no almoxarifado e carro pendente de manutenção por falta de peças. “A coisa está degringolando, estão deixando de investir e a frota vai quebrar, não vai rodar. Será que não é para prejudicar a TCS?”, questiona.

Segundo Baltazar, deixam de ser feitas revisões pelo “valetamento”, ou seja, a checagem de todas as folgas de cada carro quando retornam das ruas. No ‘valetamento‘ são checados rolamentos, manga de eixo, roda, trambulador. “Com a falta de investimento está deixando de comprar peças básicas (...) detectados problemas era feita a ficha e trocada a peça, isso não está mais sendo feito em alguns tipos de manutenção”, afirmou. Na opinião de Baltazar, a Urbes deixa de fazer a manutenção porque a frota será substituída pelos novos veículos das empresas emergenciais.

Pode piorar

A Urbes informa que a situação pode piorar. Lembra que as dificuldades aumentaram a partir de 4 de agosto deste ano, quando, por determinação judicial, dez veículos foram apreendidos. As apreensões ocorreram por falta de pagamentos de empréstimos junto à instituição financeira, cuja garantia incluía veículos do transporte coletivo de Sorocaba. E pode piorar porque há pendência sobre outros veículos que podem ser apreendidos pela mesma instituição a qualquer momento. Não divulgou quantos são.

Justificou que a intervenção foi realizada para operar as linhas pertencentes ao Lote 1 com o objetivo de evitar a descontinuidade da prestação dos serviços de transporte coletivo em razão da sua natureza essencial. Explicou que o decreto municipal (nº 16.633, de 27/05/2009), determinou a intervenção total na operação do serviço de transporte coletivo urbano, decorrente da caducidade da concessão outorgada à TCS, também, determinada por meio de decreto municipal (nº 16.634, de 27/05/2009).

Quebras e atrasos continuam

Os ônibus da Transporte Coletivo Sorocaba (TCS) continuam quebrando e atrasando os compromissos dos passageiros. Somente no ponto em frente ao jornal Cruzeiro do Sul, na avenida Carlos Reinaldo Mendes, dois diferentes carros tiveram que encerrar as viagens ontem e pelo mesmo motivo: alta temperatura no motor. O carro de número 1.700, com nove anos de uso, ferveu por volta das 14h40. Às 17h50, foi vez do motorista do carro 1.785 encerrar a viagem no mesmo local por causa do alarme sonoro que indicava o motor muito quente com riscos de fundir, se prosseguisse a viagem. A assessoria de imprensa da Urbes Trânsito e Transporte não foi encontrada ontem para informar os motivos das falhas ou quantos veículos quebraram ontem.

A doméstica Jussara Bock, 45 anos, estava no ônibus 1.700, com destino ao bairro Éden, Zona Industrial. Disse ter aguardado por cerca de meia hora pela chegada do outro ônibus para prosseguir a viagem. “Tem que ter paciência, culpa da empresa que não faz manutenção, enquanto os ônibus novos continuam parados na garagem”, disse Jussara. O carro 1.785, que parou às 17h50, levava cerca de 30 passageiros para o bairro do Cajuru, Zona Industrial.

O carro chamado para continuar o itinerário do 1.785, segundo os passageiros, demorou cerca de 15 minutos para chegar. A faxineira Taís Aparecida de Abreu voltava do serviço e conta que foi a segunda vez que teve problemas com o transporte público esta semana.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul / Leandro Nogueira (parte)

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